domingo, 16 de fevereiro de 2003

Instintos

Tenho percebido que preciso sempre seguir meus "instintos culturais". Por exemplo: no último sábado, dei uma olhada nos filmes e peças em cartaz, nada interessante. Se ainda assim eu insistisse em ir, seria uma droga de programa. Contudo estava a fim de pegar uns filmes no vídeo, segui esse meu "instinto" e acabei trazendo duas preciosidades para casa.

Amores é um filme de Domingos de Oliveira, que está estourando nos cinemas com Separações. O estilo é o mesmo, roteiro baseado no cotidiano amoroso de todos nós, com qualidade idêntica a de seu mais recente filme. Comédia e drama se revezam sem cansar o espectador, boas interpretações com destaque para a do próprio Domingos. Amores não teve tanta repercussão (talvez por ele malhar a Globo e mexer com outros tabus), mas é um ótimo divertimento em alto nível.

O jornal é um filme que trata da correria do fechamento de matérias, ética na profissão, dia-a-dia na redação, a vida pessoal do repórter afetada por seu trabalho... Confesso que é um filme que os jornalistas e estudantes de comunicação vão gostar mais do que outros de diferentes áreas. Bom filme, roteiro diversificado e bem construído, a ponto de poder tratar dos diversos assuntos que relacionei acima. É incrível como Hollywood consegue fazer ótimos filmes sobre os desvios de conduta da mídia, muitas vezes protagonizados por eles próprios: O quarto poder, Show de Truman, Mera Coincidência etc.

E agora é aguardar os indicados ao Oscar...

domingo, 9 de fevereiro de 2003

Bons filmes brasileiros...

Ah, como é bom saciar-se com a retomada do cinema brasileiro, que tem produzido uma obra-prima atrás da outra, com criatividade. Ontem fui ver 2 filmes no cinema, os dois nacionais.

Separações, que eu já havia comentado aqui, é sensacional. O roteiro de Domingos de Oliveira (que também dirige e escreve) é algo de outro planeta! Mas isso é só força de expressão mesmo, já que todo o argumento é baseado nas idas e vindas de relacionamentos e nosso cotidiano, e as cenas se passam aqui no Rio, em lugares conhecidos, como o Baixo Gávea, Leblon etc. Não há como não lembrar dos filmes do gênero que Woody Allen faz tão bem. Contudo Separações não é uma cópia barata do judeu novaiorquino. Cada diálogo (e a hilária interpretação de Domingos) fogem por completo dos clichês e da obviedade, fazendo com que a platéia só abra a boca na hora de dar gargalhadas. Cada fala é preciosa, e um filme de 2 horas só de conversas e mais conversas torna-se acessível aos mais variados tipos de público.

Deus é brasileiro também é muito legal, especialmente por um coadjuvante que rouba a cena: Wagner Moura. Ele "engole" as interpretações de Antônio Fagundes (que está legal) e de Paloma Duarte (que está fraquinha) e dá o tom de humor que sustenta o filme do começo ao fim. Lembra muito Matheus Natchergale no "Auto da compadecida". As piadas de duplo sentido envolvendo Deus também são boas, e as paisagens do nosso Brasil coroam mais um "filme de estrada" de Cacá Diegues. Heresias à parte, o fime dá discussão e, claro, divertimento garantido.

sábado, 8 de fevereiro de 2003

MULHERES APAIXONADAS? Não pela novela...

Vocês já viram as chamadas pra nova novela das oito? A Globo deve estar chamando os telespectadores de pinguços, porque depois de Esperança aí vem outro "porre". E de Manoel Carlos, um dos piores dramaturgos que já pintou na TV. Lembra de "Por Amor", "Laços de Família"...? É tudo dele, e com a mesma (chata) fórmula: histórias ditas românticas que não passam de clichês (de novo, é só olhar as chamadas para a próxima novela). Estou me ocupando tanto desse assunto porque Manoel Carlos é incensado como grande autor, e é só assisitr a qualquer produção dele que se percebe a mentira! Texto pobre, e principalmente, clichês, clichês! Tanta obviedade sendo tratada como obra-prima irrita qualquer um...

sábado, 1 de fevereiro de 2003

Fui fazer um desses testes e olha o que deu:





Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia


Estou lendo (na medida do possível, já que o tempo sempre é curto) um livro que fez 100 anos em dezembro último: Os Sertões, de Euclides da Cunha. Tudo começa com uma certa identificação: ele era jornalista, e foi cobrir os avanços militares republicanos na região de Canudos. O jornal era "A Província de São Paulo", o nosso hoje famoso "O Estado de São Paulo". O livro é composto por três partes: "A terra", "O homem" e "A luta". Li apenas a primeira, e é impressionante o conhecimento de geologia e biologia de Euclides da Cunha para descrever como era o local das expedições. Você consegue visualizar com facilidade. Só pra se ter uma idéia, Euclides apresenta uma solução... para a seca!

É uma leitura difícil, embora muito bem construída. Dizem que a última parte é a melhor, até para se ler. De qualquer forma, é um clássico da literatura brasileira que se mantém atemporal - e essa é uma característica universal das grandes obras.